FAZENDA CACHOEIRA GRANDE

Em 1820, foi aberta a famosa “Estrada da Polícia”, ligando o Rio de Janeiro às Minas Gerais, assim chamada por ter sido promovida sua abertura, pela Intendência de Polícia do Rio de Janeiro, que, naqueles tempos, funcionava como um autêntico governo provincial. Um de seus mais animados promotores foi o mineiro Custódio Ferreira Leite, futuro Barão de Aiuruóca. Contou com ajuda de sete sobrinhos, todos filhos de Francisco José Teixeira e Francisca Bernardina do Sacramento Leite Ribeiro, os futuros barões de Itambé. Destes, sobressaiu Francisco José Teixeira Leite, que veio com o tio com apenas 16 anos.

Quatro anos depois, tornara-se já abastado plantador de café. Aos 24 anos, casou-se com sua prima, D. Maria Esméria Leite Ribeiro, recebendo como dote, a Fazenda da Cachoeira Grande, cortada pela “Estrada da Polícia”, no caminho para Sacra Família. Não era a maior fazenda da região, possuindo apenas 1.125 hectares, mas foi o princípio da imensa fortuna do futuro Barão de Vassouras. Francisco reformou a velha casa, dando-lhe o formato de um “T”, talvez, uma alusão ao seu famoso sobrenome abrâmico português.

Em 1850, quando enviuvou de D. Maria, possuía em sua fazenda 250.000 cafeeiros, entre bons e maus, mantidos por 147 escravos e 15 crianças. Um ano depois, Francisco contraiu segundas núpcias com D. Ana Alexandrina Teixeira Leite, uma bonita “barramansense” trinta anos mais nova. Fixou residência na próspera Vila de Vassouras, passando a usar Cachoeira Grande apenas nos fins de semana. Francisco substituiu o café da fazenda pelo beneficiamento de alimentos, então muito caros em Vassouras, ficando famoso o “Arroz de Cachoeira”, todo tratado com eficientes máquinas "hidráulicas", aproveitando a cachoeira que batizava a propriedade.

Francisco chegou a ter avultados bens e usou-os no incremento de Vassouras. Foi Presidente da Câmara, em mais de uma vez, alternando-se no cargo com seu irmão, o Comendador Joaquim José Teixeira Leite. Dotou a vila de inúmeros melhoramentos e foi o maior incentivador do transporte ferroviário em Vassouras, que foi elevada à condição de cidade em 1857. Mantinha negócios com quase duzentos comerciantes, sendo famoso pela probidade e honradez. Por seus méritos, foi elevado por D. Pedro II em 1871 à condição de Barão de Vassouras, ampliado três anos depois à Barão com Grandeza de Vassouras.

Teve o Barão onze filhos com D. Ana Alexandrina, a qual logo adoeceu e passou a sofrer das faculdades mentais, falecendo prematuramente com 46 anos em 1880. Uma de suas filhas, Cristina, casou-se com o Visconde de Taunay. Francisca, outra filha, casar-se-ia com o Conselheiro Francisco Belisário Soares de Sousa.

O Barão morreria em maio de 1884, às vésperas de completar oitenta anos. Outra filha, Maria Esméria Teixeira, herdou a Fazenda Cachoeira Grande e nela recepcionou com grande jantar a 18 de setembro de 1884 a Princesa Isabel e o Conde D `Eu, ambos de passagem por Vassouras. D. Maria Esméria transformou a fazenda em importante centro produtor de cachaça atividade que sobreviveu à Abolição, chegando às primeiras décadas do século XX. Ela ainda ampliou as terras em mais ½ sesmaria, mas, após sua morte, foi a fazenda bastante reduzida.

Hoje, restaurada e bem decorada, Cachoeira Grande recuperou seu antigo esplendor. Pertence atualmente à família de Francesco Vergara Caffarelli, industrial e colecionador de arte.



Fonte: Prof. Milton Teixeir